CÂMERA LENTA

O mundo está em câmera lenta

Passos lentos, trôpegos, olhar apagado, corpo encurvado pelo peso da tristeza

Olhos onde brilham apenas lágrimas, 

Que se confundem com a chuva que cai,

Em câmera lenta.

No intenso vai e vem

Pelas ruas da cidade se vão

Ela e tudo que carrega naquele corpo pequeno

Mal são notadas pelo intenso burburinho de início de manhã

Ouve buzinas ao longe e segue lentamente

Os olhos da cidade nada veem além de si mesmos

Cada qual com sua própria bagagem e peso

Tudo é cinza, opaco, lento, vácuo.

Uma trombada, um “olha onde anda”!

Está molhada por fora e por dentro

Quem se importa?

As lágrimas correm livres, 

Ao contrário dela, presa em suas divagações.

E a vida continua

Em câmera lenta…

Alda M S Santos