QUASE UM SÉCULO
Minhas lembranças mais remotas e saudosas
Vêm do cheirinho da casa dela
De sua comida no fogão a lenha
Do quintal gigante e da água do poço
Completa hoje 96 anos a minha avó Dudu
Com uma descendência grande de 44 pessoas
Mas não tão longa quanto suas histórias
E o carinho e amor contido, quase nunca declarado, por cada um dos seus
No interior das Minas Gerais, Guanhães, em especial
Ela cumpre dignamente sua passagem por aqui
Casos a contar, lutas, vitórias, derrotas, sobrevivência
Seis filhos, dezenove netos, dezoito bisnetos, uma tataraneta
Cada qual seguindo seu caminho, sua trajetória
Tão pequenina, miúda, cabeça boa, frágil
Um abraço parece que irá quebrá-la
Frágil? Que nada!
Poucos chegam a quase um século de vida
Tão bem quanto ela
Quem a vê tão magrinha e meio encurvada
Se engana ao pensar que é dependente
Sequer a imagina se virando sozinha com suas necessidades básicas
Se perguntada, diz que não está valendo nada
Que já era e não passa de hoje
Mas não quer seguir ninguém, gosta de seu cantinho
Seu ninho, mesmo fisicamente vazio
Quem a pode criticar?
A vida é assim mesmo: ora carregamos, ora somos carregados
Mas enquanto aguentamos, andamos por nossas próprias pernas
Que Deus dê a ela muita saúde, tranquilidade, resignação
E dignidade para vencer seu caminho junto aos seus
Felicidade, Dindinha! Te amo!
Alda M S Santos
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